domingo, 31 de janeiro de 2010

Presidente Lula retoma agenda na segunda-feira após crise de hipertensão

da Folha Online

Após repouso de quatro dias para se recuperar de uma crise de hipertensão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retoma sua agenda oficial amanhã, em Brasília. O primeiro compromisso será a cerimônia de abertura do ano judiciário no STF (Supremo Tribunal Federal).

Desde quinta-feira, Lula estava sem agenda oficial e se recuperava em seu apartamento, em São Bernardo (SP), e no Palácio da Alvorada, em Brasília, onde chegou ontem à tarde. Ele teve uma crise de hipertensão na noite da última quarta-feira no Recife (PE), onde cumpria agenda oficial.

Ontem, o presidente e a primeira-dama Marisa Letícia fizeram uma série de exames no InCor (Instituto do Coração) cujos resultados deram normais. Segundo o cardiologista Roberto Kalil, os resultados preliminares da avaliação clínica e dos exames "apontaram que o estado geral de saúde do presidente e da primeira-dama Marisa Letícia é bom".

Lula fez exames de sangue e urina, ecocardiograma, ultrassom de abdome total e tomografias de crânio, carótida, tórax, coronária, abdome e vascular. Além destes exames, o presidente foi submetido a uma avaliação urológica e a primeira-dama, a uma avaliação ortopédica.

Após os exames o presidente disse em entrevista coletiva que "graças a Deus" está com a saúde perfeita. Perguntado sobre o acúmulo de compromissos da Presidência e da pré-campanha da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), o que pode ter provocada a crise de hipertensão, Lula disse "que quem engorda o porco é o olho do dono e, se o dono não estiver olhando as coisas acontecerem, elas não acontecem".

"Acho que a agenda não é um problema de campanha. É um problema de compromissos que a gente vai assumindo e querendo cumprir. E a gente percebe que o dia só tem 24 horas e a agenda muitas vezes tem uma utilização maior que 24 horas", afirmou.

Com os resultados dos exames normais, o cardiologista liberou o presidente para retornar à sua rotina de trabalho a partir de amanhã. Segundo ele, a principal recomendação é que Lula volte a praticar atividades físicas regularmente, como sempre fez, e reduza o consumo de sal.

"Nessa maratona que ele veio, provavelmente ele não conseguiu fazer o exercício de caminhada que ele faz uma hora, uma hora e meia todo dia. Uma hora é suficiente, é bem recomendado", disse Kalil, que também recomendou ao presidente dormir um pouco mais.

Agenda

Pela agenda prevista para Lula, na terça-feira à tarde ele recebe o presidente da Confederação Brasileira de Automobilismo, Cleyton Pinteiro, além de pilotos e dirigentes da Fórmula Indy de 2010. Depois se reúne com representantes da sociedade civil para discutir o plano de banda larga.

Na quarta-feira, o presidente fará sua primeira viagem após a crise de hipertensão. Ele vai para o Rio de Janeiro para visitar o túnel de passagem do gasoduto Gasduc 3, na Serra dos Gaviões. Depois participa da cerimônia de inauguração do gasoduto Cabiúnas-Macaé e da estação de compressão Campos Elísios-Duque de Caxias. Ele deve retornar na hora do almoço para Brasília.

Hipertensão

O presidente Lula teve uma crise de hipertensão na noite de quarta-feira (27), em Recife (PE), onde cumpria agenda oficial antes de ir para Davos (Suíça), onde receberia o prêmio de Estadista Global durante o Fórum Econômico Mundial.

Ele passou mal no avião e, por orientação médica, foi para o hospital Português, ainda em Recife, onde passou a noite. Na manhã seguinte, o presidente foi para São Bernardo, onde ficou de repouso até a manhã deste sábado.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Hipertensão gerou maior preocupação com saúde de Lula desde a posse

Maurício Savarese
Do UOL Notícias
Em São Paulo

Antes de mal-estar, Lula brincou: "dá vontade de ficar doente"

A crise de hipertensão que atingiu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no fim da noite de ontem e que mantém o mandatário em repouso em sua casa nesta quinta-feira (28) é a que mais preocupou médicos e assessores desde o início do primeiro mandato do petista, em 2002. Nenhum dos outros problemas de saúde dele exigiram uma decisão tão brusca como a de fazer retornar o avião presidencial que estava a caminho da Europa.

Desde a campanha eleitoral vitoriosa de 2002, Lula, 64, tem recomendações médicas para perder peso e fazer uso de uma dieta mais equilibrada. Também desde aqueles tempos o presidente trata de sua bursite crônica: primeiro no ombro direito e depois, em tratamento datado de 2003, no esquerdo. Bursite é uma inflamação que causa dores e surge por conta de esforço repetido e exagerado.

Torções nos pés também afetaram a saúde do presidente desde que assumiu o Palácio do Planalto. Em novembro de 2003, ele teve o pé esquerdo imobilizado e acabou impedido de participar de uma cerimônia ao lado do então presidente boliviano, Carlos Mesa. Em novembro de 2006, pouco após sua reeleição, precisou de uma cadeira de rodas na Nigéria, durante uma cúpula com países africanos, por conta de um problema no tornozelo direito.

Em fevereiro de 2005, Lula retirou um pólipo nasal que o prejudicava havia dois anos. Pólipos são tecidos que surgem de forma anormal e que podem ser malignos – o que rapidamente se descobriu que não era o caso do presidente.

Apesar da preocupação pela crise de hipertensão, que elevou fortemente a pressão sanguínea do presidente, o cardiologista Roberto Kalil Filho afirmou que Lula “é um paciente saudável” e que “está tudo bem” com a saúde do mandatário.

Susto
Lula teve uma crise de hipertensão ontem à noite, quando estava no avião que o levaria para o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Ele foi internado no Real Hospital Português de Beneficência (RHP), na capital pernambucana, onde passou a noite. Lula recebeu alta às 6h55 de hoje e a agenda dele foi cancelada até segunda-feira (1º), por orientação médica.

  • Adriano Lima/Futura Press

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega ao seu apartamento, em São Bernardo do Campo (SP). Após passar mal em Recife, Lula cancelou a agenda e fará exames no final de semana

Segundo o boletim médico, Lula teve uma crise hipertensiva, causada por forte estresse. A pressão do presidente chegou a 18 x 12, quando normalmente fica em 11 x 8. O Hospital Sírio Libanês informou que ele não passou por exames no último ano.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu de Recife por volta das 8h de hoje, e chegou a São Paulo por volta de 11h10, no aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Ele desceu do avião presidencial e caminhou até o carro que o levou até São Bernardo do Campo (ABC Paulista), onde descansa em companhia dos familiares até domingo.

“Ele teve um aumento de pressão. Foi controlado. Fizeram [no Recife] uma avaliação clínica dele e acharam por bem dispensar o presidente porque estava tudo bem. Como estava previsto, talvez ele faça nos próximos dias um check-up anual”, explicou o médico. "Eu gostaria que essa avaliação fosse feita o mais rápido possível”, disse Kalil.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Após passar a noite internado, Lula recebe alta e vai para São Bernardo

da Folha Online
da Agência Folha

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva saiu às 6h58 desta quinta-feira (28) do Hospital Português, no Recife. Lula foi internado após ter uma crise hipertensiva quando estava no avião com destino a Davos (Suíça), por volta da 0h30 desta quinta-feira (horário de Brasília). Por ordem médica ele foi proibido de viajar.

Lula saiu com aparência abatida, vestido com um conjunto de moletom branco. Ele estava acompanhado pelos ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais), que passaram toda a noite com o presidente. Lula cumprimentou a equipe médica e não deu declarações à imprensa.

Da base aérea de Recife, Lula seguirá para São Paulo e de lá vai para o seu apartamento em São Bernardo do Campo, onde ficará em repouso até domingo. A primeira-dama Marisa Letícia já estava em São Bernardo antes da internação de Lula, pois não iria acompanhar o marido Davos.

Não há previsão de que Lula fará exames em São Paulo.

O médico da Presidência, Cleber Ferreira, que acompanha o presidente há cinco anos, disse que a pressão arterial de Lula chegou a 18x12. Lula passou por exame de eletrocardiograma, raio-x do tórax e exame de sangue.

Segundo o médico, a crise hipertensiva pode ter sido provocada por um quadro de estresse e cansaço. Esta é a primeira vez, durante o período que o médico atende ao presidente, que Lula tem uma alteração na pressão arterial. " O presidente não é hipertenso, este é um quadro esporádico", disse Ferreira. A pressão arterial normal de Lula é de 11X8.

O ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, disse que Lula não vai mais participar do Fórum Econômico Mundial. Ele será representado pelo presidente do Banco Central, Henrique Meireles, na premiação que receberia a distinção de Estadista Global.

O médico disse que Lula insistiu até o último momento para viajar, mas não foi autorizado.

Rousseff e Padilha cancelaram a volta para Brasília para ficar com o presidente. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), também visitou Lula no hospital. Campos disse que o presidente brincou, conversou e antes de ir dormir.

Lula estava internado em um quarto no 13º andar do Hospital Português, por uma questão de superstição em referência ao número do seu partido.

O presidente esteve na capital pernambucana para cumprir uma agenda intensa durante a tarde e início da noite. Durante a inauguração de uma unidade de pronto-atendimento, em Paulista (Região Metropolitana de Recife), ele reclamou de dor na garganta e brincou que não queria ser o primeiro paciente do local.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Em velório, Lula diz que fará campanha por Nobel para Zilda Arns

Fundadora da Pastoral da Criança foi vítima de terremoto no Haiti

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai pedir um prêmio Nobel da Paz 'pós-mortem' para a médica brasileira Zilda Arns. Ele anunciou também que vai criar um prêmio nacional com o nome dela para premiar pessoas envolvidas com ações de segurança alimentar no país.

Lula compareceu ao velório de Zilda no Palácio das Araucárias, em Curitiba, nesta sexta-feira (15). A médica morreu durante o terremoto no Haiti, após ser atingida por escombros quando fazia uma palestra, na terça-feira (12).

O presidente esteve reunido com a família de Zilda por cerca de 45 minutos, quando prestou condolências. Depois, conversou reservadamente com o governador do Paraná Roberto Requião. Ele esteve acompanhado pelos ministros Dilma Roussef e Alexandre Padilha, além dos senadores Suplicy e Ideli Salvatti.

"Eu disse à família que todos vão chorar pelo que aconteceu, mas o que a Zilda pregou durante a vida dela, eu espero que tenha ficado gravado na mente das pessoas. E que todos nós sejamos mais solidários", afirmou o presidente.

Para Lula, a médica brasileira transformou sua vida em uma luta constante pela qualidade de vida de idosos, crianças e pessoas carentes.

“Se fechássemos os olhos e imaginássemos uma pessoa, a Zilda seria um exemplo muito grande para o mundo e para o Brasil. Ela morreu no momento mais sagrado da vida dela, que era a visita aos pobres pelo mundo”, afirmou o presidente.

Confira o vídeo:

Saiba mais

REVANCHISMO OU FOGO AMIGO – Por Sérgio Borja – Postado por Luiz Carlos Nogueira

Val-André Mutran


Por Sérgio Borja - Professor de direito da UFRGS e da PUCRS


A persistência dos ministros Paulo Vanucchi e Tarso Genro na edição de decreto que extingue a anistia na área de direitos humanos, muito mais do que revanchismo, pode ser qualificada como verdadeira postura de Chapolin Colorado. É fogo amigo que fere “sem querer, querendo”. Na verdade, por meio de um método próximo à homeopatia, que usava a parêmia similia similibus curantur, criada por Samuel Hahnemann: curar antiga patologia usando do próprio veneno. A tática olvida-se, no entanto, de uma regra elementar no campo social, a de que a cada ação corresponde uma reação.


Explico: Tarso e Vanucchi, persistindo em agravar as escaras do regime militar, atraem sobre a candidatura da “companheira” Dilma Rousseff a lei da reciprocidade que querem aplicar, de forma unilateral, aos torturadores do regime militar. Ora, é princípio de lógica jurídica elementar que os crimes, sejam eles de tortura ou terrorismo, devem ser enquadrados sob o mesmo aspecto, em vista de serem ambos imprescritíveis e hediondos. Assim, não só os militares, mas também os “companheiros” que hoje ocupam posições na sociedade civil, inclusive no governo, devem responder pelos crimes eventualmente cometidos.


O caso Cesare Battisti, terrorista de esquerda de carteirinha, está dentro da tática utilizada e com origem notoriamente identificada. A recidiva do decreto soma-se à linha de conduta já alvitrada. Poderíamos pensar que esse tipo de estratégia limparia a candidatura Dilma. Na verdade, esse tipo de alvitre imagina um day after em que houvesse uma solução à La Gramsci, seja a manutenção da atual “democracia”, simbiose da esquerda com o capitalismo internacional, para manutenção dos seus desideratos recíprocos, seja a ocupação do poder esperançoso pelos primeiros, com a manutenção da democracia chupa-cabra do capitalismo usurário dos segundos.


Afinal, sonhar com isso não se afasta do cenário alimentado pela própria realidade em que vivemos. Os americanos e seu capitalismo, hoje, não têm prurido algum, ético ou ideológico, em investirem e comerciarem com o antigo inimigo e verdadeiro monstro que “era” a antiga China. A antiga cortina de bambu hoje é uma verdadeira persiana de plástico para encobrir a sinergia do neocapitalismo informal chinês deglutido com requintes de shop-suei agridoce pelo paradoxal neopaladar ocidental.


Tarso e Vanucchi podem, dentro dessa perspectiva alimentada pelos paradoxos reais da geopolítica pós-Guerra Fria, nutrirem uma esperança gramscista de hegemonia unilateral. Afinal, o capitalismo, em sua nova fórmula simbiótica, propicia esse voo alvissareiro da neorrazão. No entanto, creio firmemente na primeira hipótese, a do fogo amigo enquadrado na ética de Chapolin, que acerta “sem querer, querendo”. Isto é, implode a candidatura da ministra Dilma Rousseff, colocando-se como substituto da titular na partida da disputa à Presidência da República. O técnico Lula, impedido de jogar (mesmo que contemple o precedente Uribe), poderia convocar da cadeira da reserva, nesta hipótese, Tarso como titular.


De qualquer forma, pelo sim ou pelo não, a técnica utilizada é perigosa e chamusca, pois a maioria silenciosa, que sofre o governo dos dois extremos, que se alternam no poder sob o efeito político do fenômeno gangorra, não admitirá, de nenhuma forma, uma solução unilateral, ou seja, hegemônica. A maioria silenciosa não deseja mais o capitalismo ou o comunismo jurássicos.


O regime que mais se coaduna com o futuro é o da fraternidade entre o capital e o trabalho, na verdadeira democracia social, cuja bandeira impávida tremula sob o pálio azul da esperança, adornando o sonho da Europa e do mundo, unindo leste e oeste rumo ao futuro. A Guerra Fria do século 20, a quem Eric Hobsbawm cognominou a Era dos Extremos, não pode ser internalizada no Brasil no século 21. Por favor, ministros Tarso e Vanucchi...


Fonte: Blog “Pelos Corredores do Planalto” – clique aqui para conferir

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Nos jornais: Lula recua em programa de direitos humanos – postado por Luiz Carlos Nogueira

12/01/2010 - 06h22

Nos jornais: Lula recua em programa de direitos humanos

O Globo

Lula reclama de Stephanes e recua sobre aborto e tortura

Para tentar encerrar a crise deflagrada no governo com o lançamento do novo Programa Nacional dos Direitos Humanos, que trata dos mais variados temas e defende aprovação de 27 novas leis, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve determinar uma alteração no texto do decreto que previa a criação da Comissão Nacional da Verdade para investigar atos cometidos durante a ditadura militar. Atendendo a pedido do ministro da Defesa, Nelson Jobim, e dos comandantes militares, a frase que justificava a criação da comissão deve ser mudada. A versão original diz que a comissão vai apurar violações de direitos humanos “praticadas no contexto da repressão política”. Na nova versão, entrará a expressão “praticadas no contexto de conflitos políticos”. No jargão das Forças Armadas, a mudança de expressão significa que a Comissão da Verdade investigará não só militares, mas também militantes da esquerda armada durante a ditadura. Antes de anunciar a decisão, Lula informou a auxiliares, na primeira reunião de coordenação política do ano, que conversará com os ministros Paulo Vannuchi (Secretaria de Direitos Humanos) e Jobim. A conversa deve ocorrer até amanhã.

Vannuchi defendia previsão explícita de punição a torturador

Dois meses antes da edição do decreto do Programa Nacional dos Direitos Humanos, o ministro Paulo Vannuchi defendeu a criação da Comissão Nacional da Verdade com uma previsão de punição a torturadores explícita no texto. Na véspera de reunião com o ministro Nelson Jobim, para tratar de divergências sobre o programa, em 19 de outubro de 2009, Vannuchi defendeu, em seminário na USP, o julgamento de agentes da ditadura militar. A escolha do nome, que ele defendia que fosse Comissão Nacional da Verdade e Justiça, era um dos problemas. Na versão final, a palavra “justiça” foi suprimida.
— Terei audiência com o Jobim para solucionar as últimas dificuldades para alavancar o programa. Na discussão do título (da comissão), já se enfrentou dificuldade.

Lula vai retirar de programa trecho sobre descriminalização de aborto


Preocupado com a forte reação da Igreja Católica, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também considerou um erro a inclusão no Programa Nacional dos Direitos Humanos da intenção do governo de apoiar a aprovação do projeto de lei que “descriminaliza o aborto, considerando a autonomia das mulheres para decidir sobre seus corpos”. Além de mandar alterar o trecho sobre a Comissão da Verdade, Lula vai determinar ao ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, a exclusão desse trecho do programa. Para Lula, o tema aborto só deve ser tratado pelo governo como questão de saúde pública. Assim, o governo deve dar garantia de acesso aos serviços de saúde para casos de aborto previstos em lei. A mudança nesse item será uma forma de amenizar o desgaste junto à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

FH: 'Ele calçou o sapato errado'

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva “calçou o sapato errado” na condução do terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos. Ele admitiu que o programa tem semelhanças com os PNDHs 1 e 2, lançados em seu governo (1996 e 2002), mas considerou que o governo Lula “combinou uma coisa e fez outra”. Sobre a Comissão da Verdade, um dos poucos pontos que não foram tocados nos PNDHs de seu governo, Fernando Henrique disse que a ideia só tem criado tumultos, inclusive no governo: — O programa tem coisas do meu tempo, mas o fato é que eles (do governo) combinaram uma coisa e fizeram outra. Isso não se faz em política.

Mudanças dos planos de saúde em discussão

Os planos de saúde também entraram no Programa Nacional de Direitos Humanos. O texto propõe uma mudança na legislação que regulamenta o setor de saúde suplementar, na tentativa de reduzir o impacto no preço das mensalidades quando o cidadão alcança 59 anos, último ano permitido para as operadoras fazerem reajustes. Nesta época, o valor mensal dos planos costuma dobrar. Pela lei 9656, de 1998, a última mensalidade pode ser até 500% mais cara que a mais barata. As operadoras podem ter, no máximo, sete níveis tarifários.

Arruda: investigações nas mãos de aliados

O fim do recesso foi antecipado para que a Câmara Legislativa do Distrito Federal começasse a analisar ontem o pedido de impeachment e as denúncias de corrupção contra o governador José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM) e oito deputados distritais. Mas, já no primeiro dia da volta ao trabalho, a base governista blindou qualquer possibilidade de apuração do esquema denominado mensalão do DEM: tomou conta das três comissões de investigação e deu sinais de que tudo pode terminar em pizza.

'O Serra é o candidato. Acabou'

À revelia do governador José Serra (PSDB), líderes tucanos bateram o martelo ontem: ele será o candidato à Presidência da República pelo partido, mesmo que retarde o anúncio até abril. O governador de Minas, Aécio Neves, não será o vice, mas candidato ao Senado e apenas fará palanque para Serra em seu estado. O assunto foi tratado durante um almoço que reuniu Aécio, o presidente nacional do partido, Sérgio Guerra, e o senador Tasso Jereissati (CE), com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em sua casa, no bairro de Higienópolis. Guerra se encontra hoje com Serra (que ontem cumpria agenda no interior do Estado) para falar da reunião.
— Já passado o final de ano e a com a definição clara de Aécio, o governador Serra é o candidato. Acabou. Agora é conversar para articular um trabalho efetivo — disse Tasso, que deixou a casa do ex-presidente mais cedo para se preparar para uma viagem ao Egito.

Tucano revela voto em Lula

Presidente nacional do PSDB, o senador Sérgio Guerra (PE) afirmou ontem que tem “saudade” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na época em que era seu eleitor. Guerra revelou que chegou a votar no petista no período em que foi deputado pelo PSB pernambucano. — Votei em Lula várias vezes, nem me lembro quando, mas foi em minha época de deputado pelo PSB (1991 a 1999). Lula de quem tenho saudade é o que eu acreditava que ia mudar o Brasil — afirmou o senador. Sérgio Guerra se disse um homem de esquerda e criticou os líderes petistas: — Esse pessoal não tem mais (perfil de) esquerda nenhuma — falou o senador tucano.

PDT recorre a bispo para ter Wagner Montes

Com o argumento de que o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) ficará sem palanque no Rio de Janeiro para a campanha à reeleição, a direção nacional do PDT faz pressão pela candidatura do deputado estadual Wagner Montes ao governo do estado. Ontem, pela primeira vez, o apresentador da TV Record assumiu sua intenção de concorrer às eleições de outubro. As forças do PDT agora estão concentradas em convencer o superintendentegeral da emissora, bispo Honorilton Gonçalves, a liberar o parlamentar.
— A chapa de Cabral para o Senado está completa: tem o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Jorge Picciani, e um candidato do PT.

Lula deve decidir por Rafale e só discute preço

volta das férias, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende acabar com a polêmica sobre a compra de novos caças até a próxima semana.
O Rafale, fabricado pela francesa Dassault, ainda é sua escolha, apesar do parecer contrário da Aeronáutica. Há dois entraves. O primeiro existe desde o 7 de Setembro, quando Lula anunciou sua preferência publicamente ao lado do presidente da França, Nicolas Sarkozy: a negociação travada para redução do preço. O segundo é evitar que a Força Aérea Brasileira (FAB) seja desmoralizada por não conseguir influenciar na escolha. Estima-se que o francês custe o dobro do Gripen NG da Saab (Suécia). Ontem, na reunião de coordenação do governo, o presidente deixou claro que não quer ver o assunto se arrastar.

Haddad: 'Não faz sentido licitar o Enem'

O MEC divulga nos próximos dias resultado da auditoria sobre o vazamento da prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Foi constatada a responsabilidade de servidores do Inep na fiscalização falha. Também há indícios para que seja cobrada do consórcio que organizou a prova a devolução do dinheiro. O ministro da Educação, Fernando Haddad, não antecipou o resultado da apuração, mas disse ao GLOBO que as conclusões reforçam a convicção de se realizar a próxima edição do exame, em abril, sem licitação.

Folha de S. Paulo

Após reação da igreja, Lula recua sobre defesa do aborto

Após reação da Igreja Católica, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou revisão do trecho que defende o aborto no decreto (assinado por ele) que instituiu o 3º Programa Nacional de Direitos Humanos, alegando que o texto não traduz a posição do governo. Haverá alteração ainda no trecho sobre a apuração de excessos praticados na ditadura.
Pela nova redação, o documento deverá manifestar uma defesa genérica do aborto, exclusivamente dentro dos limites estabelecidos por Lula nos seus discursos: no contexto de saúde pública -para salvar a vida da mãe, por exemplo. As críticas ao documento devem, portanto, se deslocar da área religiosa para as entidades ligadas às questões da mulher.

Câmara debate temas há anos, sem avanços

Assuntos que estão no decreto assinado pelo presidente Lula sobre direitos humanos já são discutidos no Congresso há anos. E, mesmo com o apoio da base aliada ao governo, não conseguem avançar por falta de acordo. É o caso de um projeto de lei de 1991, que propõe a descriminalização do aborto. Ele está tramitando em conjunto com um texto proposto pelo deputado José Genoino (PT-SP), aliado de Lula.
As duas propostas foram rejeitadas na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara em 2008, mas, após um recurso do petista, o tema terá que ser discutido no plenário.

Presidente pressiona para baixar preço de caça

De volta das férias, o presidente Lula indicou ontem a interlocutores que mantém sua preferência pela França para o fornecimento dos próximos caças da FAB (Força Aérea Brasileira), mas conta com uma nova rodada de pressões sobre a fabricante do avião Rafale, a francesa Dassault, para tentar obter melhores condições e preço. A compra inicial, de 36 aviões, pode chegar a R$ 10 bilhões. A principal desvantagem do Rafale está justamente no preço: apesar das promessas do presidente Nicolas Sarkozy de que a Dassault cobraria do Brasil os valores pagos pelo governo francês, isso não ocorreu na fase de seleção técnica. A intenção é conseguir isso agora.

Planos de Lula e FHC têm pontos em comum

Quando observados de maneira detida, os três Programas Nacionais de Direitos Humanos até hoje publicados guardam semelhanças entre si. A grande mudança na versão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, divulgada em 21 de dezembro, é a política a respeito da busca de dados para eventualmente punir os envolvidos na repressão durante a ditadura militar (1964-1985). Em vários aspectos o texto de Lula coincide com as duas versões anteriores, publicadas em 1996 e em 2002, durante o governo do tucano Fernando Henrique Cardoso. É possível dizer que as políticas do PSDB e do PT trilharam a mesma estrada, caminhando para um discurso mais liberal no quesito costumes a cada documento.

Aliados de Arruda dominam comissões de investigação

Com as portas fechadas para o público, a base aliada do governador José Roberto Arruda (sem partido) conseguiu ontem dominar todas as três comissões que irão investigar denúncias de corrupção no governo do Distrito Federal. A situação é a mesma na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), na CPI da Corrupção e na comissão especial: dos 5 integrantes de cada um dos grupos, 4 apoiam Arruda. Na CPI da Corrupção, o deputado distrital Alírio Neto (PPS) foi eleito presidente da comissão. Ex-secretário do governo Arruda, Alírio é um dos braços direitos do governador na Câmara. O relator escolhido, Raimundo Ribeiro (PSDB), também é ex-secretário. "O que vemos é o início de pizza", disse o deputado distrital Paulo Tadeu (PT), único integrante da oposição na CPI.

Deputado da meia volta ao comando da Câmara do DF e fecha portas após protesto

O deputado distrital Leonardo Prudente (ex-DEM), filmado guardando dinheiro até na meia, voltou ontem à presidência da Câmara do Distrito Federal e mandou fechar as portas da Casa por causa dos protestos a favor e contra a sua permanência e a do governador José Roberto Arruda (ex-DEM) no cargo. Cerca de 600 manifestantes pró-Arruda e 400 contra, segundo a Polícia Militar, trocavam insultos. Os defensores eram chamados de "vendidos" e estudantes xingados de "baderneiros".
Por volta das 8h, a polícia retirou à força estudantes da rampa de acesso à portaria principal e do gramado da Câmara. "Os deputados poderiam ficar intimidados com muita gente perto da entrada", justificou o major Giuliano Costa de Oliveira, da PM. Os deputados, porém, têm acesso privativo.

Vice do DF omitiu do TRE sociedade em rádio

Ao registrar sua candidatura no Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal, em 2006, o vice-governador, Paulo Octávio (DEM), omitiu a participação societária numa emissora de rádio que recebe recursos públicos para divulgar publicidade do governo do DF. Desde 2004, a rádio Voz do Cerrado está registrada na Junta Comercial de Goiás em nome de Paulo Octávio e da empresa de investimentos imobiliários dele. Contudo, o nome da emissora não consta no formulário de bens da Justiça Eleitoral nem na declaração de Imposto de Renda apresentados ao TRE-DF em 2006, quando ele disputou a eleição como vice de José Roberto Arruda (sem partido), suspeito de comandar o mensalão do DEM. A ausência da rádio na declaração pode configurar crime eleitoral e o vice -hoje protegido pela cúpula do DEM, que quer manter o governo do DF com a sigla- pode ser processado por falsidade documental. O Código Eleitoral prevê reclusão de até cinco anos e multa a quem "omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar".

Emissora não funcionava, diz assessoria

O responsável pela contabilidade de Paulo Octávio afirma que a rádio Voz do Cerrado não consta na declaração enviada à Receita em abril de 2006 porque a empresa entrou em atividade em novembro daquele ano.
O diretor das Organizações Paulo Octávio, Itamar Jardim, confirma que a empresa foi constituída em julho de 2004, em Goiás. Mas alega não ter sido necessário declará-la ao fisco em 2005 e 2006 porque o capital de R$ 1,5 milhão não havia sido integralizado e a emissora não estava funcionando.

O Estado de S. Paulo

Lula intervém para conter crise dos direitos humanos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou os ministros Paulo Vannuchi (Direitos Humanos) e Nelson Jobim (Defesa) para explicar a troca de insultos e as ameaças de demissão, que classificou de "chantagens" contra o governo. Em encontros ontem no Centro Cultural Banco do Brasil, Lula deixou claro que está irritado com a crise sobre o projeto do Programa Nacional de Direitos Humanos, que prevê o interrogatório de torturadores do regime militar (1964-1985), e orientou Vannuchi até mesmo a interromper as férias, segundo assessores. No centro cultural, onde despachou ontem, Lula determinou à sua equipe que o início do seu último ano de gestão deve ser pautado por balanços positivos do governo e conclusões de projetos em andamento. A crise, na avaliação de assessores do próprio presidente, só expôs problemas que não são da esfera do Planalto. Para Lula, a questão das torturas e execuções sumárias ocorridas na época da ditadura devem ser resolvidas pela Justiça.

Comissão da Verdade não é negociável, diz Vannuchi

Após um curto período de férias na praia, o ministro Paulo Vannuchi, de Direitos Humanos, aguardava ontem um chamado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tratarem do Programa de Direitos Humanos. Disposto a não causar constrangimentos políticos ao presidente, de quem é amigo desde os primórdios do PT, ele vai ao encontro disposto a negociar o que for possível no texto do documento. "Vamos nos esforçar para encontrar soluções que contemplem todos os lados", disse ele. "É hora de superar dificuldades e afastar crises." Ele pode recuar em temas como aborto, união civil de homossexuais e outros. Mas também tem seu limite: não pretende retroceder na questão da Comissão da Verdade - destinada a apurar violações de direitos humanos, cometidas por agentes do Estado na ditadura militar.

Plano 'atualiza' texto da era FHC com intervencionismo

Em linhas gerais, a terceira versão do Programa Nacional de Direitos Humanos, aprovada dias atrás pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, parece apenas a atualização da versão lançada em 2002 pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Com exceção do capítulo sobre a Comissão da Verdade, que não existia, todos os grandes temas abordados agora já haviam sido analisados ou tangenciados no documento anterior. Uma leitura mais atenta, porém, permite ver que o programa atual é mais incisivo e carregado de propostas de intervenções políticas.

Planalto deve tirar polêmicas do Plano de Direitos Humanos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve retirar pontos polêmicos do Programa Nacional de Direitos Humanos, criticado pelas Forças Armadas, pela Igreja Católica, pela sociedade civil e até por ministros do governo, disse o líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP). Para ele, a ideia é amenizar o plano e não enviar projetos de lei ao Congresso, ou deixar de apoiar os já existentes, como a união civil entre pessoas do mesmo sexo, descriminalização do aborto, a revisão da Lei de Anistia e mudança na reintegração de posse em invasões de terra. As medidas fazem parte do programa lançado por Lula na véspera do Natal, mas não têm chances de ser aprovadas este ano pelos parlamentares. "Dos temas polêmicos, provavelmente só ficará o item que trata da proibição para que os programas de TV e os meios de comunicação façam propaganda racista ou preconceituosa", afirmou Vaccarezza.

Arruda controla CPI e deve barrar impeachment

Alvo de investigação no Superior Tribunal de Justiça (STJ), o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), garantiu ontem maioria nas três comissões que vão investigar e decidir seu destino, nos próximos meses, na Câmara Legislativa. A estratégia é evitar o processo de impeachment e o avanço nas apurações sobre o "mensalão do DEM", apelido do esquema de corrupção em seu governo revelado pela Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal. O presidente e o relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) destinada a analisar as denúncias contra o governo do DF foram secretários de Arruda na atual gestão. Alírio Neto (PPS), o presidente, foi secretário de Justiça até o mês passado, quando seu partido, o PPS, decidiu abandonar a base de apoio de Arruda. A relatoria da CPI ficou com Raimundo Ribeiro (PSDB), também ex-secretário de Justiça do governador.

Denúncia sobre vice indica sumiço de papéis

A investigação do Ministério Público em torno do grupo empresarial do vice-governador do Distrito Federal, Paulo Octávio (DEM), indica suposta ação para omitir documentos importantes na parceria com o Funcef, fundo de pensão dos funcionários da Caixa Econômica Federal. As denúncias apontam, por exemplo, o sumiço de relatórios de obras que comprovariam o envolvimento financeiro de cada parte no negócio. Desapareceram as planilhas de setembro de 1995, julho de 1996, novembro e dezembro de 1997, além de janeiro de 1998. Em outubro de 2009, o Grupo Paulo Octávio admitiu que o Funcef ? com 105 mil associados no País ? repassou mais dinheiro do que deveria ao projeto.

Comando do PMDB descarta Meirelles e insiste em Temer para vice de Dilma

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, está fora de qualquer lista do PMDB para compor a chapa presidencial com a ministra da Casa Civil e pré-candidata do PT, Dilma Rousseff. Fechados com o presidente da Câmara, Michel Temer (SP), para vice da petista, líderes e dirigentes do partido emitem sinais ao Planalto de que só uma pressão muito forte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode mudar esse cenário. Meirelles não é citado por nenhum peemedebista de expressão nacional como hipótese de vice. Instados a listar as alternativas para o posto, dirigentes do PMDB só falam em Temer e nos ministros Hélio Costa (Comunicações) e Edison Lobão (Minas e Energia).

Correio Braziliense

O primeiro dia do último ano de Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem pressa. Sabe que terá de acelerar o andamento dos programas prioritários do governo até o fim do primeiro semestre deste ano, antes mesmo da campanha oficial. Depois de iniciada, a corrida eleitoral tomará o centro das atenções políticas do país. Como fará das principais ações da gestão o palanque da ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, candidata à sucessão, precisa ter muito o que mostrar. Por conta disso, já começou o ano em marcha acelerada. Ontem, no primeiro dia de trabalho oficial do ano, reuniu-se com a equipe de coordenação política, e deu recorte à agenda de 2010. E já hoje colocará em prática a maratona de investimentos. Anunciará, às 17h, o destino de R$ 3 bilhões em programas habitacionais.

Reunião discreta no Planalto

A primeira semana de trabalho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2010 começou com uma reunião de coordenação política discreta. Depois de desentendimentos públicos entre ministros devido ao conteúdo do 3º Plano Nacional de Direitos Humanos, os participantes do encontro evitaram declarações públicas sobre o teor da reunião. Integraram o grupo de coordenação política os ministros Alexandre Padilha, de Relações Institucionais, Franklin Martins, de Comunicação, Dilma Rousseff, da Casa Civil, e Luiz Dulci, da Secretaria-Geral da Presidência.

Duelo de ministérios

O Ministério do Planejamento determinou, no penúltimo dia do ano passado, o retorno ao serviço de 118 empregados que serviam a extinta Fundação de Tecnologia Industrial (FTI). Eles vão compor quadro especial em extinção do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT). Determinada com base na Lei de Anistia 8.878/1994, que beneficia servidores demitidos durante o governo Fernando Collor, a reintegração é polêmica porque recebeu parecer contrário do MCT. Em 2006, o ministro Sérgio Rezende, que se mantém no cargo, negou os pedidos de retorno de 109 processos de anistia.

Esforço só para Minas

O governador Aécio Neves (PSDB) avisou ontem à cúpula tucana que vai concentrar todos os seus esforços nos próximos meses na tentativa de eleger o vice-governador Antônio Augusto Anastasia seu sucessor no governo do estado e trabalhar por sua candidatura ao Senado. A reafirmação de que voltará as baterias para Minas ocorreu durante um almoço em São Paulo, que contou com a presença do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso e do senadores Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Sérgio Guerra (PSDB-PE), presidente nacional da legenda.

Lobby para legalizar lobistas

Tramita na Câmara dos Deputados, desde 2007, projeto de lei do deputado Carlos Zarattini (PT-SP) que regulamenta a atividade de lobby e a atuação dos grupos de pressão ou de interesse no âmbito dos órgãos e entidades da administração pública federal। O presidente da Casa, deputado Michel Temer (PMDB-SP), anunciou no fim do ano passado que iria pedir regime de urgência na análise da matéria para que ela seja votada ainda neste semestre. Porém, antes de entrar na pauta para ser avaliado, a Controladoria-Geral da União (CGU) já adiantou que quer algumas alterações.

Fonte: Site de o “Congresso em Foco” – clique aqui para conferir

domingo, 10 de janeiro de 2010

Contrabando (Editorial) - postado por Luiz Carlos Nogueira

deu em o globo

Enviado por Ricardo Noblat - 9.1.2010 8h04m

Contrabando (Editorial)

A atmosfera de desconcentração, típica de fim de ano, levou a que, na solenidade de lançamento do Programa Nacional de Direitos Humanos, no dia 21 de dezembro, uma pajelança promovida pela esquerda do governo, o maior destaque fosse o novo penteado da ministra Dilma Rousseff, fotografada em público sem peruca.

Era a primeira aparição da ministra sem disfarçar efeitos da quimioterapia.

Em seguida, viria à tona o primeiro efeito deletério do programa: uma crise militar, com o pedido de demissão do ministro Nelson Jobim e dos comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.

Com razão, pois, ao contrário do que fora negociado, o tal programa colocava (e coloca) uma cunha na Lei da Anistia para punir “torturadores”.

A anistia fora recíproca, negociada entre generais e a oposição no final da década de 70, mas sua revisão, como engendrado no governo pelos ministros Tarso Genro, Paulo Vannuchi e outras autoridades, não o será, caso a proposta revanchista tenha curso.

Ou seja, militares daqueles tempos são possíveis réus, mas não ex-guerrilheiros aboletados em altos cargos oficiais.

Lula conteve Jobim e comandantes com um aceno à revisão do texto que assinara e embarcou para descansar na Bahia. O caso precisa de um desfecho.

As repercussões indicavam que se trataria de mais um tiro n’água do núcleo de esquerda do governo.

Por inconstitucional, segundo juristas, e inconveniente do ponto de vista político — coloca o país na máquina do tempo e o projeta ao passado dos curtos-circuitos militares típicos de repúblicas bananeiras ----, a iniciativa de Vannuchi, Tarso e cia. tendia a se esvaziar e, junto com ela, o Programa de Direitos Humanos.

Mas o programa é bem mais do que a criação de uma “Comissão da Verdade”, termo ao gosto dos regimes stalinistas e que denuncia o viés autoritário dos comissários que o idealizaram.

As 73 páginas, com 23 mil palavras, do “programa de direitos humanos” são, na verdade, uma plataforma de governo — e de um governo na contramão do que tem sido o de Lula, por sete anos e quase um mês.

Esta plataforma contrabandeada sob o disfarce de um “programa de direitos humanos” retoma o espírito do velho PT, do encontro nacional de dezembro de 2001, em Recife, quando o candidato Lula ainda se apresentava como aquele contrário a “tudo isso que aí está”.

Em meados da campanha, em 2002, porém, baixou o bom senso no candidato e em assessores próximos, e foi lançada a Carta ao Povo Brasileiro, pela qual Lula se comprometeu a respeitar as bases da economia de mercado e a não cometer desatinos como moratórias e confiscos. E deu certo.

O “programa de direitos humanos” propõe, além do fim unilateral da anistia, 27 leis, institui mais de 10 mil instâncias do tipo ouvidores, observatórios, e sempre na linha de vigilância do Estado sobre a sociedade.

E vai adiante: prevê a regulamentação da taxação de fortunas, o financiamento público de campanha, a reformulação da legislação dos planos de saúde, a fiscalização de “empresas transnacionais”, e, não poderia faltar, facilita a invasão de terras, atropelando a propriedade privada.

Este é outro aspecto grave do “programa de direitos humanos”: intervém em área do Poder Judiciário, para criar uma instância de mediação em conflitos agrários antes da ação do juiz.

É como se o núcleo de esquerda no governo, a 11 meses do fim da Era Lula, resolvesse esvaziar suas gavetas de projetos e incluí-los todos num mesmo texto.

A Secretaria de Direitos Humanos, na tentativa de defender o aleijão, justifica que todas as propostas vieram da “sociedade organizada”, elaboradas em inúmeros fóruns instalados em todo o país.

Tenta, assim, dar tinturas de legitimidade democrática à instituição de instrumentos de subjugação da nação ao Estado. Balela, esse sistema de consulta mobiliza apenas corporações e grupos de militantes com afinidades ideológicas, uma ínfima minoria num país de 190 milhões de habitantes.

É sempre um jogo de cartas marcadas. Outra proposta exótica é a montagem de um arcabouço de democracia direta, a joia da coroa da ideologia populista, demagógica do chavismo.

A defesa da democracia direta reflete a intenção de destruir o sistema de representação política, assentado na independência entre os Poderes, com a criação de um regime a ser conduzido caudilhescamente por um líder carismático todo-poderoso, manipulador das vontades ditas populares a serem expressas em plebiscitos e referendos.

Aposenta-se a democracia representativa, com seus pesos e contrapesos, funda-se o Estado unitário bolivariano, sem lugar para opositores.

Na crise militar, Lula confidenciou não ter lido o decreto do “programa” que assinara. De fato, se lesse veria que seu governo está sendo usado para um golpe via Legislativo, bem ao estilo chavista.

Tem agora a chance de salvar o governo de pelo menos uma grande trapalhada tragicômica. Cabe, ainda, destacar o papel da Casa Civil em todo o imbróglio.

Como nada chega à mesa do presidente sem o aval dessa instância, a candidata Dilma Rousseff tem o nome ligado à iniciativa.

Assim, mesmo que Lula mande engavetar os absurdos que assinou sem ler, o projeto chavista de governo será inevitável tema na campanha eleitoral, por ter sido avalizado pela ministra.

Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2010/01/09/contrabando-editorial-256143.asp

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

O ano do Brasil – e do presidente Lula



Dificilmente poderia ter havido ano mais auspicioso para o Brasil. Isso esteve claro nos momentos finais da conferência de Copenhague. Obama chegou atrasado, perdeu o bonde da História e, esnobado pelo presidente chinês Wen Jiabao (que se fez representar por gente de escalão inferior em reuniões de que Obama participava) invadiu como um penetra a sala onde se reuniam Brasil, África do Sul, Índia e China, o BASIC. Foto e relato do New York Times retrataram o quadro insólito em Copenhague. Obama entrou sem ser convidado. “Vou sentar ao lado do meu amigo presidente Lula”, disse. O artigo é de Argemiro Ferreira.

O professor (da Universidade de Harvard) Kenneth Maxwell – britânico de nascimento, radicado há muitos anos nos EUA – explicou na véspera do Natal, na sua coluna da “Folha de S.Paulo”, que “os brasileiros deveriam comemorar o fato de que tenham avançado tanto e de que um futuro promissor esteja ao seu alcance”. Para ele, “o Brasil encerra a década bem posicionado para o futuro”.

Brasilianista e autor de pesquisa que devassou a Inconfidência Mineira (“A Devassa da Devassa”), Maxwell também publicou outros trabalhos relevantes sobre Brasil e Portugal (entre eles, “Marquês de Pombal, o paradoxo do Iluminismo”). Antes expusera o papel de Henry Kissinger no golpe de 1973 no Chile – ousadia que o levaria ainda a deixar a revista Foreign Affairs e o Council on Foreign Relations.

Comprometido apenas com a seriedade do próprio trabalho, estava certo ainda ao contestar, no Financial Times, o medo das “reginasduartes” e o terrorismo desencadeado pelos tucanos na campanha eleitoral de 2002, o que reduziu o valor do real a 1/4 do valor do dólar. Agora Maxwell vê o respaldo de 80% dos brasileiros ao seu presidente, encarado no mundo como exemplo a ser seguido – e Personalidade do Ano, como proclamou o Le Monde no dia 24.

Retrato do império em decadência

Na França da Sorbonne de FHC, coube a um blog do Libération, rival do Le Monde, contrastar a atuação positiva de Lula na reunião de Copenhague com a queda de Obama: “Os discursos de Obama e Lula foram mais do que discursos sobre os grandes desafios que nossos líderes deveriam discutir em Copenhague. Para mim, marcaram a longa e tortuosa história do declínio do império americano”.

Anabella Rosemberg, que assinou dia 18 o texto sob o título (misturando inglês e português) “Exit USA, boa tarde Brasil!”, definiu o quadro geral da degringolada das negociações do clima, “com a demissão de uma superpotência (EUA) e a chegada com brio de uma nação (o Brasil) que há algum tempo esperava, com paciência, para dar os primeiros passos”.

A recusa em negociar, para ela, é o primeiro sinal de fraqueza do poderoso. “Nas três propostas que colocou na mesa, Obama não mostrou flexibilidade. Teve ainda o cuidado de não assumir a responsabilidade dos EUA pelo acúmulo das emissões de gas com efeito estufa. Da parte de Lula tudo era liderança, vontade, ambição. Claro que não é perfeito. A questão não é essa. Mas mostrou aos olhos do mundo que seu país está preparado para jogar no primeiro time”.

Ainda na Europa, o maior jornal da Espanha, El País, já tinha considerado Lula, no dia 10, o personagem do ano de 2009, entre “Los Cien del Año”, os 100 homens e mulheres iberoamericanos que marcaram os últimos 12 meses. Coube ao próprio presidente do governo espanhol, José Luiz Rodrigues Zapatero, fazer o perfil do governante brasileiro, sob a manchete “El hombre que asombra el mundo”.

O entusiasmo do conservador Chirac

Disse o espanhol sentir “profunda admiração” por esse homem que conheceu em setembro de 2004, na cúpula – organizada pela ONU em Nova York – da Aliança Contra a Fome, liderada pelo brasileiro. Como correspondente da “Tribuna da Imprensa”, Globo News, Rádio França Internacional e “Jornal de Notícias” (de Portugal), tive o privilégio de cobrir aquele evento, presidido pelo francês Jacques Chirac.

A Assembléia Geral da ONU começaria dois dias depois, mas governantes do mundo inteiro anteciparam a chegada a Nova York por causa da reunião de Lula. O maior entusiasta da cúpula era o presidente francês Jacques Chirac, que falou de sua admiração pelo brasileiro. Chirac viajaria de volta ao final daquela reunião, deixando para o chanceler a missão de discursar pela França na Assembléia Geral.

O esforço incansável da grande mídia brasileira para esconder, tentar esvaziar ou desmerecer o reconhecimento mundial pouco afeta a imagem de Lula, dada a frequência com que governantes e personalidades de vários países se pronunciam de forma positiva sobre ele. Nos EUA o próprio Obama manifestou explicitamente sua opinião, ao saudá-lo como “o cara”, o “político mais popular do mundo”.

Por conduzir no Itamaraty a política externa brasileira, Celso Amorim tem sido alvo obsessivo do bombardeio de nossa mídia. Na ofensiva foi denunciado pelo papel antigolpista do Brasil em Honduras. Mas é encarado com respeito no exterior. David Rothkopf – da revista “Foreign Policy”, conservadora nas posições sobre América Latina – apontou-o como “o melhor ministro do Exterior do mundo”.

Quem afinal ficou bem na foto?

Para desespero de nossa mídia as avaliações de Lula estão em toda parte – e nada têm a ver com o que ela e a oposição brasileira dizem. É possível encontrá-las em diferentes línguas. Na maior revista alemã, “Der Spiegel”, em “Newsweek”, no “Washington Post”, “New York Times”, etc. Não é um amontoado de elogios vazios. Eles também se referem a dificuldades e obstáculos a superar. Mas o tom é sempre positivo, sem as leviandades e irrelevâncias que inspiram os ataques aqui.
Dificilmente poderia ter havido ano mais auspicioso para o Brasil. Isso esteve claro nos momentos finais da conferência de Copenhague. Obama chegou atrasado, perdeu o bonde da História e, esnobado pelo presidente chinês Wen Jiabao (que se fez representar por gente de escalão inferior em reuniões de que Obama participava) invadiu como um penetra a sala onde se reuniam Brasil, África do Sul, Índia e China, o BASIC.

Foto e relato do New York Times, seguidos depois por texto também destacado no Washington Post, retrataram o quadro insólito. Obama entrou sem ser convidado. Lá estavam Wen, Lula e os governantes indiano e sul-africano: “Vou sentar ao lado do meu amigo presidente Lula”, disse. Ali remendou num par de horas o acordo de três páginas para evitar o fracasso, sem ir além da esperança vaga no futuro.

Para variar Lula ficou bem na foto – literal e simbolicamente. À direita de Obama, a quem socorrera, e com a ministra Dilma Roussef à esquerda de Hillary Clinton. Essa imagem final do ano (a foto acima, sob o título deste artigo) refletiu o papel do Brasil e de seu presidente. Mais uma vez contrariou a obsessão da mídia golpista aliada à oposição idem (PSDB-DEM-PPS). Por 12 meses mídia e oposição tentaram semear o pânico e afogar o país no tsunami da crise mundial – da qual o Brasil foi o primeiro a sair.

Blog de Argemiro Ferreira



Fotos: The New York Times