quinta-feira, 10 de julho de 2008

Vietnã: Lula fecha quatro acordos e impulsiona comércio bilateral

Jordi Calvet Hanói, 10 jul (EFE).- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou hoje no Vietnã quatro acordos de cooperação, e impulsionou o comércio bilateral entre os dois países, cujo valor deve chegar a US$ 1 bilhão em 2010.

Lula assegurou, em um fórum empresarial em Hanói, onde realiza uma visita oficial de um dia, que "os números não fazem justiça ao potencial de investimento e troca dos dois países".

"O comércio está limitado a produtos de baixo valor agregado", afirmou.

A balança comercial entre ambos os países aumentou de maneira significativa nos últimos anos, chegando a US$ 113,8 milhões em 2005, US$ 204 milhões em 2006 e US$ 323 milhões em 2007.

O presidente manifestou que "é um momento propício para aprofundar as relações", tendo em vista o bom momento que ambos os países atravessam, e apontou como terreno para a cooperação os biocombustíveis, a construção, a agricultura e a energia.

Lula anunciou no fórum empresarial o acordo de um memorando de entendimento entre os bancos centrais de Brasil e Vietnã, e fez uma chamada às autoridades vietnamitas para "trabalharem unidas" a fim de liberalizar o comércio internacional como fórmula de conseguirem maiores benefícios para os países em desenvolvimento.

A este acordo são acrescentados outros quatro em ciência e tecnologia, luta contra a pobreza, fome, esportes e outro que cria uma comissão mista de acompanhamento, cuja ratificação Lula presenciara acompanhado por seu homólogo vietnamita, Nguyen Minh Triet, no Palácio Presidencial de Hanói.

"Os memorandos que assinamos hoje representam os alicerces legais que abrem caminho para que nossas relações sejam fortalecidas (...) os dois países estão distantes geograficamente, mas compartilham uma estreita irmandade", manifestou o dirigente vietnamita.

Triet expressou sua determinação para fazer com que as relações com o Brasil abranjam todos os âmbitos, tanto o econômico quanto o de cooperação e investimentos, e aceitou o convite feito por Lula para visitar o país "o mais rápido possível".

Já Lula apontou a necessidade de que as duas nações intensifiquem os contatos para defenderem seus interesses comuns nos fóruns internacionais, sobretudo diante da "insegurança alimentar e energética" provocada pela alta dos preços.

"Temos a convicção de que os problemas globais não podem ser resolvidos apenas pelos grandes países", afirmou o presidente, que chegou a Hanói depois da Cúpula do Grupo dos Oito (G8, grupo dos sete países mais ricos do mundo e a Rússia), realizada esta semana no Japão.

A reunião entre os dois líderes foi emoldurada com declarações de mútua simpatia.

Lula lembrou da "luta" do Vietnã por ganhar sua independência, e afirmou que por isso o país asiático "merece o respeito da Humanidade", pois deu uma lição ao mundo e mostrou que, "quando se quer uma coisa e há determinação, é possível ser invencível".

"Fiquei tão orgulhoso da vitória vietnamita quanto os próprios vietnamitas", assinalou Lula, para concluir afirmando que o triunfo do Vietnã "foi a vitória dos oprimidos".

"E nós nos sentimos co-participantes", afirmou.

O presidente brasileiro também teve reuniões com o primeiro-ministro vietnamita, Nguyen Tan Dung; com o secretário-geral do Partido Comunista do Vietnã, Nong Duc Manh e com o presidente da Assembléia Nacional, Nguyen Phu Trong, entre outras autoridades do país.

Esta é a primeira vez que um chefe de Estado brasileiro visita o Vietnã desde que ambas as nações estabeleceram relações diplomáticas em 1989.

Lula, que é acompanhado por ministros, altos funcionários e por uma delegação empresarial, viaja esta noite ao Timor-Leste, onde realizará amanhã uma visita oficial de algumas horas antes de seguir viagem rumo à Indonésia, última escala de sua viagem asiática, que será concluída em 12 de julho.

terça-feira, 1 de julho de 2008

Lula, Cristina Kirchner e Hugo Chávez discutem crise energética argentina

Mylena Fiori
Enviada Especial


San Miguel de Tucumán (Argentina) - A questão energética foi o tema central de reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o venezuelano Hugo Chávez e a presidente argentina, Cristina Kirchner, hoje (1º), em San Miguel de Tucumán (Argentina). No encontro, após sessões de Cúpula o Mercosul e da Unasul, os três presidentes buscaram soluções para a crise de energia argentina.

Em entrevista após o encontro, Lula destacou a necessidade de trabalhar nas áreas em que os países se complementam para ver de que forma um pode ajudar o outro. "Temos um sério problema energético no continente sul-americano. Temos países que têm problema de energia e que nós precisamos trabalhar juntos para resolver", disse Lula.

"Temos problema de energia na Argentina e na medida que a economia continue crescendo, esse problema crescendo", completou Lula, assinalando que se o Brasil não construir hidrelétricas também terá problemas para atender a demanda resultante do crescimento da economia. "Nesse aspecto, a Venezuela tem gás e petróleo de sobra", frisou.

Como no inverno passado, a Argentina passa por risco de apagão e já chegou a impor a indústrias um calendário de racionamento para evitar cortes no abastecimento doméstico. O governo de Cristina Kirchner chegou a pedir ao Brasil que abrisse mão de parte do gás a que tem direito por contrato com a Bolívia, para que o produto fosse vendido à Argentina, mas o governo brasileiro preferiu oferecer ajuda em energia elétrica. Em março começou a enviar 300 megawatts por dia para o país vizinho. Há uma semana, os despachos diários já estavam em 1100 megawatts, para uma capacidade máxima de transmissão de 1500.

"Nós certamente não iremos deixar que o povo argentina sofra frio por falta de energia", garantiu Lula. "Não temos gás para mandar para a Argentina porque também somos importadores de gás da Bolívia, mas poderemos exportar energia elétrica que temos, e graças a Deus os lagos brasileiros estão cheios, temos linhas de transmissões e poderemos ajudar os países amigos", ponderou.

O Brasil também já se dispôs a acelerar as obras da usina hidrelétrica binacional de Garabi, no Rio Uruguai. Nos bastidores argentinos, a versão é de que a decisão brasileira faria parte de uma negociação para liberação, pela Argentina, das exportações de trigo para o Brasil. O tema teria sido tratado em reunião entre Lula e Cristina Kirchner, na manhã de hoje.

Lula lembrou apenas que Cristina Kirchner já liberou vendas de 500 mil toneladas de trigo para o Brasil e que as exportações voltaram ao volumes regulares quando a produção argentina se normalizar.

Agência Brasil