Lula, Cristina Kirchner e Hugo Chávez discutem crise energética argentina
Mylena Fiori
Enviada Especial
San Miguel de Tucumán (Argentina) - A questão energética foi o tema central de reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o venezuelano Hugo Chávez e a presidente argentina, Cristina Kirchner, hoje (1º), em San Miguel de Tucumán (Argentina). No encontro, após sessões de Cúpula o Mercosul e da Unasul, os três presidentes buscaram soluções para a crise de energia argentina.
Em entrevista após o encontro, Lula destacou a necessidade de trabalhar nas áreas em que os países se complementam para ver de que forma um pode ajudar o outro. "Temos um sério problema energético no continente sul-americano. Temos países que têm problema de energia e que nós precisamos trabalhar juntos para resolver", disse Lula.
"Temos problema de energia na Argentina e na medida que a economia continue crescendo, esse problema crescendo", completou Lula, assinalando que se o Brasil não construir hidrelétricas também terá problemas para atender a demanda resultante do crescimento da economia. "Nesse aspecto, a Venezuela tem gás e petróleo de sobra", frisou.
Como no inverno passado, a Argentina passa por risco de apagão e já chegou a impor a indústrias um calendário de racionamento para evitar cortes no abastecimento doméstico. O governo de Cristina Kirchner chegou a pedir ao Brasil que abrisse mão de parte do gás a que tem direito por contrato com a Bolívia, para que o produto fosse vendido à Argentina, mas o governo brasileiro preferiu oferecer ajuda em energia elétrica. Em março começou a enviar 300 megawatts por dia para o país vizinho. Há uma semana, os despachos diários já estavam em 1100 megawatts, para uma capacidade máxima de transmissão de 1500.
"Nós certamente não iremos deixar que o povo argentina sofra frio por falta de energia", garantiu Lula. "Não temos gás para mandar para a Argentina porque também somos importadores de gás da Bolívia, mas poderemos exportar energia elétrica que temos, e graças a Deus os lagos brasileiros estão cheios, temos linhas de transmissões e poderemos ajudar os países amigos", ponderou.
O Brasil também já se dispôs a acelerar as obras da usina hidrelétrica binacional de Garabi, no Rio Uruguai. Nos bastidores argentinos, a versão é de que a decisão brasileira faria parte de uma negociação para liberação, pela Argentina, das exportações de trigo para o Brasil. O tema teria sido tratado em reunião entre Lula e Cristina Kirchner, na manhã de hoje.
Lula lembrou apenas que Cristina Kirchner já liberou vendas de 500 mil toneladas de trigo para o Brasil e que as exportações voltaram ao volumes regulares quando a produção argentina se normalizar.
Agência Brasil
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