09/12/2007 - 22h57
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste domingo em Buenos Aires que a criação do Banco do Sul é "decisiva" para a integração da América do Sul e para a maior "independência" financeira da região.
Lula discursou durante a cerimônia de criação do Banco do Sul, na Casa Rosada, sede da presidência da Argentina.
O presidente desembarcou na capital do país vizinho, neste domingo, para participar da posse da presidente eleita da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner nesta segunda-feira. Ela receberá a faixa presidencial do marido, o atual presidente Nestor Kirchner.
Em seu discurso Lula afirmou que o Banco do Sul servirá para financiar projetos na área de infra-estrutura, ciência e tecnologia, para reduzir a pobreza e as diferenças sociais e econômicas na região.
"Somente forte e unida a América do Sul poderá se desenvolver ainda mais. Acho que estamos todos de parabéns com a criação do Banco do Sul", disse.
Lula falou sobre a paternidade do banco, ao dizer que foram os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, da Argentina, Nestor Kirchner, e todos os presidentes presentes à cerimônia deste domingo que tiveram a idéia da criação do banco numa reunião em janeiro de 2006.
O presidente alertou que o sucesso do banco dependerá da sua administração. Para o presidente Lula a relação entre o Brasil e a Argentina, atualmente é a melhor possível e relação do país com a América do Sul está num de seus melhores momentos.
"A nossa relação com a Venezuela é muito sólida, mas, hoje, mais favorável ao Brasil", disse Lula referindo-se à relação comercial entre os dois países.
Ao se referir a Hugo Chávez, Lula o chamou de "o rei do petróleo". Lula também se referiu ao líder boliviano Evo Morales. "Acho que Evo [Morales] é a coisa mais extraordinária para a América do Sul. Ninguém é mais a cara da Bolívia do que o Evo Morales", disse.
O presidente contou que o Brasil tem obras de hidrelétricas programadas com a Bolívia e a Argentina entre outras obras em parceria com países da região.
Lula se referiu ao três maiores países da região - Brasil, Argentina e Venezuela - dizendo que eles são "fundamentais" para que haja integração na prática.
"Ou resolvemos este problema das desigualdades [entre os países da região], ou a integração continuará como parte de nossos discursos eleitorais", afirmou.
Lula citou Paraguai, Uruguai, Equador e Bolívia, que também participam do Banco do Sul, como os países que precisam ser ajudados por Brasil, Argentina e Venezuela.
Lula disse que, às vezes, a imprensa fala sobre disputas entre os países da região, mas que estas supostas disputas não existem, assim como, segundo o presidente, não existe um "líder" da América do Sul.
"Perdi muito tempo em 2005 e 2006 com brigas internas [no Brasil]. Em política internacional não existe isto de líder", afirmou.
A cerimônia de lançamento do Banco do Sul contou com a presença dos presidentes Lula, Nestor Kirchner e Cristina Kirchner da Argentina, Hugo Chávez da Venezuela, Evo Morales da Bolívia, Rafael Correa do Equador, e Nicanor Duarte Frutos, do Paraguai.
O presidente uruguaio Tabaré Vazquez assinará o documento do Banco do Sul nesta segunda-feira.