sábado, 23 de novembro de 2013

PSB recruta Eliana Calmon para tentar atrair Joaquim Barbosa

Por Clarissa Oliveira e Wilson Lima - iG São Paulo |
Texto
    Após ofensiva do senador Aécio Neves sobre o presidente do STF, socialistas pedirão à ministra do STJ que lidere o trabalho de convencimento para atraí-lo para a sigla de Eduardo Campos
Preocupado com a aproximação entre o senador mineiro Aécio Neves (PSDB-MG) e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa , o PSB começou a desenhar uma contraofensiva. O partido do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, decidiu escalar a ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Eliana Calmon, para atuar como interlocutora nas negociações com Barbosa e tentar atrair o ministro para a legenda.
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Alan Sampaio / iG Brasília
Primeira mulher no STJ, Eliana Calmon virou ministra da Corte em 1999
O presidente do STF, que se movimenta discretamente de olho na cena eleitoral, sofreu nas últimas semanas um assédio mais intenso por parte do PSDB . Aécio, como revelou o iG , tenta atrair Barbosa para os quadros tucanos, e sonha até mesmo em tê-lo como vice em sua chapa presidencial.
Oficialmente, Aécio nega a ofensiva e diz se tratar de uma “especulação” alimentada pelo PT . Nos bastidores, entretanto, pessoas próximas ao senador mineiro dizem que ele atribuiu ao ex-ministro do STF Carlos Velloso, amigo de Barbosa, a tarefa de fazer o trabalho de convencimento. Daí o plano do PSB de usar Eliana Calmon para tentar afastar Barbosa do tucanato e atraí-lo para o time socialista. Assim como Velloso, a ministra do STJ mantém boa relação com o presidente do Supremo.
O PSB pretende formalizar a filiação de Eliana Calmon em dezembro , durante o encontro regional que será realizado pelo partido em Salvador. A ministra do STJ e ex-corregedora do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) deve se lançar candidata na Bahia. Em tese, a ideia é colocá-la na disputa para o Senado, mas Eduardo Campos deixou aberta a possibilidade de ela optar por concorrer a outro cargo na eleição.
O time mais próximo de Eduardo Campos diz ver poucas chances de Joaquim Barbosa aceitar se lançar candidato já em 2014. Mas, no pior dos cenários, vê a oportunidade de pavimentar uma filiação mais adiante.
Por isso, a ideia é argumentar ao presidente do STF que a opção de aderir ao PSDB se voltaria contra ele. Isso porque o partido está no centro das denúncias do mensalão mineiro. Nas palavras de um líder socialista, Barbosa acabaria “desmoralizado” se aderisse a um partido acusado de envolvimento com o mesmo esquema que originou o mensalão do PT.
O plano desenhado pelo time de Campos se soma a um endurecimento de toda a estratégia eleitoral adotada em relação a Aécio . Aos poucos, a equipe do governador pernambucano vem abandonando a ideia de um pacto de não agressão ao tucano, ventilada no início dos preparativos da corrida eleitoral como forma de assegurar a realização de um segundo turno na disputa presidencial.
Na avaliação de interlocutores de Campos, a notícia de que Aécio mobilizou o PSDB para atrair Barbosa ajudou a tornar a tensão ainda maior. A movimentação do senador mineiro foi entendida no PSB como uma resposta à aliança firmada entre o governador de Pernambuco e a ex-senadora Marina Silva, com potencial de gerar frutos eleitorais ainda maiores para o tucano.
Prós e contras
Barbosa, segundo interlocutores, tem pesado os prós e contras de se lançar num projeto eleitoral já em 2014. Algumas pessoas próximas ao presidente do STF dizem enxergar como mais provável a ideia de uma candidatura em eleições seguintes. De qualquer forma, a impressão deixada pelo ministro é a de que os planos de entrar para a política estariam cada vez mais consolidados.
Fontes ligadas ao STF ouvidas pelo iG dizem ver um desejo na própria magistratura por uma candidatura de Barbosa já no ano que vem.
Ainda assim, segundo interlocutores de Barbosa, o fato de o julgamento do mensalão ainda estar em curso vem alimentando a resistência do presidente do Supremo, principalmente se considerada a possibilidade de embargos infringentes de alguns réus serem analisados no primeiro semestre do ano que vem.

sábado, 9 de novembro de 2013

Campos superar Aécio 'não seria tragédia', diz FHC

Ex-presidente, porém, ressalta acreditar em senador mineiro e diz que governador precisa 'se encorpar' para haver 2º turno

08 de novembro de 2013 | 21h 14
Gabriel Manzano - O Estado de S. Paulo

São Paulo - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse nesta sexta-feira, 8, que "não será nenhuma tragédia" se, nas eleições presidenciais do ano que vem, o PSB tomar o lugar do PSDB na disputa de um eventual segundo turno com a presidente Dilma Rousseff, atualmente a grande favorita da disputa. "Não acredito nessa possibilidade, mas se ela ocorrer não será nenhuma tragédia", afirmou FHC. "O que eu acho é que temos de ter alternância no poder. O PT está há muito tempo no poder".
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Mas FHC advertiu que o governador Eduardo Campos, provável nome do PSB em 2014, "tem que se encorpar", porque "se ele não encorpar, não teremos segundo turno". A avaliação foi feita em entrevista ao blog do jornalista Kennedy Alencar.
Mas o ex-presidente deixou claro, na conversa, que não acredita nessa possibilidade - a de o provável candidato tucano, Aécio Neves, vir a ser superado nas urnas pelo governador pernambucano. Segundo ele, Aécio "tem mais condições, porque a organização do PSDB é maior". Ele mencionou, então, os Estados de São Paulo, Minas, Paraná, que têm um grande eleitorado, e o Pará. "O Aécio tem um enorme apoio em Minas, enquanto o Eduardo só tem Pernambuco", completou.
No cenário eleitoral por ele traçado, o apoio da ex-senadora Marina Silva "vai ajudar, e é bom que ajude mesmo" a fortalecer a candidatura de Campos. Mas o ex-presidente preferia mesmo, segundo observou, que houvesse quatro candidatos fortes na disputa - ou seja, que Marina tivesse conseguido registrar a sua Rede Sustentabilidade. "Tinha que ter quatro candidatos. Agora é mais complicado".
FHC justificou sua decisão de apoiar o nome de Aécio - e não o do ex-governador José Serra - pela necessidade de renovação. "Há um momento em que precisa renovar. O Serra é um quadro muito capaz, votei nele a vida inteira, mas é o momento de Aécio". Recorreu ao exemplo de seu sucessor, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que depois de lançar Dilma à presidência indicou Fernando Haddad na disputa pela prefeitura de São Paulo e agora recorre ao ministro Alexandre Padilha para disputar o governo paulista. "Hoje há uma fadiga de material, um certo cansaço. O Lula percebeu isso, tentou colocar candidatos novos".
Candidatura. Mas Fernando Henrique não defendeu como indispensável o lançamento antecipado da candidatura - uma questão que veio à tona, dentro do PSDB, depois de Serra ter defendido a ideia de se aguardar até março de 2014 para a definição do nome tucano.
"Na verdade, já estamos em disputa", definiu o ex-presidente. "Dilma já tem uma agenda de candidato. No cargo, tem uma enorme vantagem e temos que contrabalançar isso, o mais cedo possível". Ele não considera indispensável "lançar necessariamente a candidatura", mas "atuar como candidato". Não há "necessidade de lançamento formal", completou. Provocado a definir qual é a marca do governo Dilma, falou em "produtivismo, uma volta ao governo (Ernesto) Geisel: produzir, crescer. Mas não está crescendo. Então a marca é da frustração."
Tapando buraco. FHC também descartou a acusação de que haja uma campanha da oposição, do mercado e da mídia a respeito da situação fiscal do País. Para ele, a situação não está "fora do controle", mas há "sinais graves de que (o governo) está perdendo a rigidez fiscal". "Não há uma coisa caótica", avisou, "mas dá a impressão de que o governo está tapando buraco". FHC queixou-se, também, da "falta de generosidade" do ex-presidente Lula, que, segundo ele, não reconhece ações positivas de seu governo. "Falta um pouquinho de generosidade e reconhecer as coisas. Eu reconheço o que ele fez de bom, mas o Lula não consegue".



Tópicos: FHC, Eleições, Aécio