segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Lula diz que crescimento da economia é "vôo de águia"



Para Lula, números favoráveis na economia são resultado do esforço de diversos setores
BRASÍLIA - A festa em clima de palanque eleitoral, organizada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto, para a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), ontem, procurou mostrar que o crescimento econômico sustentado deixou de ser um discurso. "Não é um vôo de galinha", disse Lula. "É o de uma águia que descobriu que pode voar mais alto do que estava acostumada a voar."

O volume de investimentos públicos e privados na economia brasileira será de pelo menos R$ 1,5 trilhão entre 2008 e 2011, um salto de 68,7% sobre os quatro anos anteriores. Isso sem contar o que será aplicado no desenvolvimento dos campos de petróleo do pré-sal.

É o que mostra levantamento apresentado pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, à platéia da reunião composta pelos responsáveis por boa parte do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, integrantes do CDES.

Na celebração, a perspectiva de agravamento da crise americana foi só uma coadjuvante. Coutinho destacou que, após um ano da crise do subprime, as decisões de investimentos no Brasil "nem tremeram". Desde a eclosão da crise, em agosto de 2007, os projetos em análise na instituição aumentaram 30%. A taxa de investimento cresce a um ritmo duas vezes ao da expansão do PIB. Segundo ele, a taxa de investimentos chegará a 21% do PIB em 2010. Em 2008, esse indicador ficará em 18,5% do PIB.

"Os investimentos cresceram em ano de crise internacional, mas não quer dizer que está tudo resolvido, que podemos subir no salto alto", disse Coutinho, acrescentando: "assim como atravessamos esta crise, podemos atravessar as tormentas que estão por vir."

A cifra de R$ 1,5 trilhão é a estimativa mais conservadora do volume de investimentos para os próximos quatro anos. Na realidade, há um total de R$ 2,3 trilhões em projetos em exame e já aprovados, porém parte pode não ser concretizada. Ainda assim, o ritmo é frenético. "Há tantas fábricas em construção que faltam bate-estacas", comentou Coutinho.

Só o setor de petróleo receberá investimentos de US$ 112,4 bilhões até 2012, segundo informou o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli. "Isso, sem considerar os substanciais investimentos necessários para desenvolver o pré-sal", comentou.

O presidente Lula, porém, não se mostrou satisfeito com os números. Ele disse que, depois de assistir às detalhadas apresentações de Coutinho e Gabrielli, pensou: "coitados, não sabem o que está acontecendo no País". Segundo o presidente, a volume é muito maior, se forem considerados investimentos dos Estados e das prefeituras.

O vigor do processo de investimentos foi frisado por Lula. Ele disse que o mais recente alto-forno do País foi inaugurado há 22 anos. "Hoje, estão projetadas dez novas grandes siderúrgicas, que dobrarão a produção nacional de aço em seis anos", informou. Num ato falho, ao falar sobre a evolução dos investimentos no setor automotivo, Lula chamou as fábricas de "reclamadoras", em vez de montadoras. Este ano, serão produzidas 3,5 milhões de unidades, mas em 2013 serão 6 milhões.

Quatro fatores explicam a força dos investimentos, segundo Luciano Coutinho: o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), as oportunidades ampliadas de exportação, a demanda crescente por insumos básicos e a ampliação do mercado interno. O professor Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas, fez uma palestra mostrando que a classe C da sociedade brasileira cresceu 22,8% nos últimos quatro anos, enquanto as classes A e B cresceram 33,6%.

Os números dos investimentos poderiam ser maiores, segundo avaliou o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro. Para ele, a aprovação de reformas como a tributária e a trabalhista criaria um clima mais favorável aos investimentos.

O agravamento da crise nos Estados Unidos não preocupa o presidente da Vale do Rio Doce, Roger Agnelli. "Trabalhamos com uma visão de longo prazo", explicou, acrescentando que fenômenos como esse afetam mais o mercado financeiro. "Para nós, a tendência dos próximos 15 a 20 anos é que a economia continue crescendo, a Ásia continuará crescendo e o Brasil entrará em rota sustentável", disse.

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