Lula considera reunião do G20 em Washington 'histórica'
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva considerou "histórica" a reunião de líderes do G20, que aconteceu neste sábado, em Washington. "Senti uma maturidade nessa reunião que há muito tempo eu não via", disse. "Saio daqui satisfeito e otimista".
Na avaliação do presidente brasileiro, a razão dessa mudança foi a crise. "A gente percebe que as pessoas tomaram chá de humildade". Essa é a primeira vez que chefes de Estado de países ricos e emergentes se reúnem para discutir a crise financeira e propor mudanças no sistema. Na opinião do presidente Lula, o G8 (grupo de países ricos, mais a Rússia) continuará existindo "como um clube de amigos".
Reforma Os países que participaram da sessão plenária do G20 concordaram em estudar uma série de reformas para o sistema financeiro mundial.
O comunicado divulgado neste sábado não traz medidas concretas, mas indica as diretrizes que deverão ser seguidas pelos governos.
O texto é dividido em três partes. A primeira trata das razões da crise; a segunda indica algumas medidas que devem ser tomadas no curto prazo e, por fim, a terceira parte fala das ações de curto, médio e longo prazos que devem ser tomadas para evitar novas turbulências.
Entre as medidas de curto prazo está a conclusão da Rodada Doha de comércio internacional. Os países do G20 se comprometeram a chegar a um acordo ainda este ano. Já a reforma do sistema financeiro mundial será feita com base em cinco princípios. Um deles é aumentar a transparência das aplicações financeiras mais complexas. O documento pede ainda que a regulação do sistema seja ampliada, de forma a incluir as instituições não-financeiras, como por exemplo, as agências de avaliação de crédito. Os países do G20 concordaram, ainda, que é preciso maior coordenação entre os supervisores bancários de cada país. Um dos cinco princípios para reforma diz respeito às instituições de Bretton Woods (Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial). Países emergentes terão maior poder de decisório nesses organismos, de forma a "refletir as mudanças na economia mundial".
Texto final O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse que o fato mais importante da reunião deste sábado é que "o G20 está tomando o lugar do G8".
"Estamos mexendo nas placas tectônicas da política global", disse o ministro.
Amorim também salientou a importância da inclusão da Rodada Doha no comunicado. Segundo ele, o acordo que antes era interessante, "passou a ser essencial".
De acordo com Amorim, os países não tiveram dificuldades para chegar a um consenso quanto ao comunicado final. A redação do texto, porém, teve que ser modificada. Segundo o ministro, a expressão "desequilíbrios globais", que estava no texto inicial, teve de se cortada. "Foi evitada uma redação que desse a impressão de que a responsabilidade é de todos", disse Amorim.
Próximos passos O próximo passo é a formação de grupos de trabalho, com a participação de todos os países e que serão coordenados por Brasil, Grã Bretanha e Coréia do Sul, responsáveis pela gerência do G20 em 2009.
O prazo para a próxima reunião vai até 30 de abril. Até lá, os grupos de trabalho terão de formular propostas mais concretas sobre cada um dos temas acordados na reunião de hoje.
UOL
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