Brasil saiu da recessão no segundo trimestre, diz Meirelles
DENYSE GODOY
da Folha de S.Paulo
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse nesta segunda-feira que a economia brasileira dá indicações de ter voltado a avançar no segundo trimestre deste ano, após dois trimestres consecutivos de retração.
"Há sinais de que o país já saiu da recessão", afirmou ele à imprensa, em São Paulo, após participar de reunião com os presidentes de BCs dos países membros do Mercosul, da Bolívia, do Chile, do Peru e da Venezuela.
A afirmação de Meirelles contrasta com os dados apresentados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de que, no primeiro semestre deste ano, a indústria teve o pior desempenho desde o início da série histórica, em 1975, com queda de 13,4%, na comparação com o mesmo semestre de 2008.
No segundo trimestre, conforme o IBGE, a indústria apresentou crescimento de 3,4% em relação ao trimestre imediatamente anterior. Já em relação ao segundo trimestre de 2008, a produção industrial teve queda de 12,3%.
Para Meirelles, o país chegará ao final do ano em trajetória de crescimento e pronto para reiniciar um processo de expansão sustentada.
"Nossa expectativa é de que o Brasil chegue ao final do ano com trajetória de crescimento e que tenha um 2010 que seja o início da retomada do processo de crescimento sustentado que prevaleceu nos últimos anos", acrescentou.
Segundo o BC brasileiro, as autoridades dos países representados na reunião concluíram que há indícios de melhora no cenário internacional e que a região demonstrou capacidade superior à do passado para absorver o impacto do choque internacional.
Moeda local
Meirelles relatou ainda que é possível que em 2010 Brasil e Uruguai fechem um acordo semelhante ao que o país já tem com a Argentina para liquidação das operações de comércio exterior em moeda local.
"Existe interesse muito grande de outros países da América do Sul e, como já mencionamos antes, o banco central da Índia também manifestou interesse de estudar conosco esse tipo de sistema, assim como da China e da Rússia", disse.
"É importante finalizar o projeto com o Uruguai antes [de partir para outros países]". Ele admitiu que os volumes negociados em moeda local com a Argentina ainda são baixos, mas avaliou que crescerão à medida que outros países entrarem no sistema.
Com Reuters
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